eu sou a muralha. foi o que pensei logo ao acordar e me olhar no espelho, aquela maquiagem da noite anterior impossibilitava qualquer prolongação. eu era a muralha e nada podia fazer contra isso. em sua pose fetal ele me esperava na cama. de repente me veio nuances mal elaborados, frases mal ditas, todos meus amores fadados. eu cavei um buraco dentro de mim e quanto mais eu pensava nisso, mais me edificava. então me deixei no espelho do banheiro, voltei para o quarto e o olhei como uma mãe olha o seu filho dormir. ele não me pertencia e digerir essa fala me parecia absurdamente errado. ele se virou e me olhou na alma: você não veio ao mundo pra ser pedra, menina. então eu tremi.

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