eu não sei lidar com a falta, sorte tua que existe sozinho e independe do calor do outro. tenho contado as vantages e até agora não há um sopro ao meu favor. digo que acho isso um tanto incrível e vou arrancando sutilmente com os dentes o esmalte que me resta nas pontas dos dedos, enquanto lá de cima você me encara com tamanha maestria. gosto de pensar que eu era suave asssim , que aqui existia algo de bom, que esses dias de cão são apenas uma fase,e que no fim das contas tudo tende voltar ao normal. novos dias virão, eles me dizem, mas é como se o tempo tivesse passado rápido demais sobre mim, sem dó. hoje recuso-me a acreditar. coloco a água no bule e remeto-me às frases de mamãe, às vezes duas gotas deslizam juntas para encontrarem-se somente em outro ponto, e meio cabisbaixa começo a rir sozinha. entendo que por medida de proteção ela não terminou o óbvio - por tantas vezes essas mesmas gotas simplesmente vão para o ralo, simples assim, ela diria, e sem delongas.


há de se conformar,
meu amor
uma obra do destino
e o reflexo no espelho: para que não me deixe nunca mais.


à vezes penso o que teria acontecido comigo se aquilo que chamo de minha vida tivesse tomado outro rumo, talvez eu nem estaria aqui, talvez eu não me resumiria a isso. eu nunca tocarei a outra margem, mas carregarei o peso dos seus olhos sobre mim quando as coisas complicarem, e isso, talvez, é o que dói mais. por essa razão estou aqui , em teste.


pouco me importa os cães lá fora
eu não espero nada de ser tudo a cada dia sempre

(e já não me resta muita coisa para fazer)


3 comentários:

aluah disse...

"não sou nada, nunca serei nada mais que nada, e desse nada que sou
e nunca deixarei de ser:
sou tudo, serei tudo."

não pude deixar de lembrar.
às vezes parece que, no final, a gente leva da vida a vida que não levou - e seus percalços.

Anônimo disse...

eu adoro, um vício, esse blog.

Juliana disse...

Admiro seu talento.

Postar um comentário