quando contemplo um homem situado fora de mim e à minha frente, nossos horizontes concretos, tais como são efetivamente vividos por nós dois, não coincidem. por mais perto de mim que possa estar esse outro, sempre serei e saberei algo que ele próprio, na posição que ocupa, e que o situa fora de mim e à minha frente, não pode ver: as partes de seu corpo inacessíveis ao seu próprio olhar – a cabeça, o rosto a expressão do rosto -, o mundo ao qual ele dá as costas, toda uma série de objetos e de relações que, em função da respectiva relação em que podemos situar-nos, são acessíveis a mim e inacessíveis a ele. quando estamos nos olhando, dois mundos diferentes se refletem na pupila dos nossos olhos.

Bakhtin

Um comentário:

fochesatto disse...

"Mediante a contemplação não-violenta, a qual é mãe da verdadeira felicidade, está vinculada à condição de que o contemplador não incorpore o objeto: proximidade à distância".
Theodor Adorno.

(zureta)

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