acho que foi o ato de ter que constantemente partir que me fez descobrir tantas outras coisas novas, ou talvez simplesmente esquecidas, aqui dentro de mim. a cada partida eu me voltava para dentro na tentiva de encontrar alguma explicação para os nossos prolongamentos - ou alguma memória que me convencesse de que era necessário persistir.  ao revirar as memórias já tão bagunçadas eu revivia ideias solitárias, mas que eram minhas, somente minhas, e talvez por isso carregavam um sabor único de mistério e também independência. nas minhas memórias sofridas eu era capaz de lembrar de mim e das poucas coisas que faziam parte do meu íntimo. e quando o fazia, meu peito estufava de alívio por um dia ter tido a coragem de encarar  a profundeza do exílio e manifestar a explícita capacidade de lidar com as incompletudes sem medo.


Nenhum comentário:

Postar um comentário