já
havia decido não criar mais expectativas sobre as relações humanas, pois
as experiências me ensinaram que você pode até estar ali, ouvir, dar
suporte, se fazer presente e útil, mas nada disso garante que receberá o
mesmo quando precisar. a reciprocidade dificilmente será uma lei, e
alguns até diriam que esse é o risco e a delícia de se envolver. mas
hoje, em um dia normal como qualquer outro - talvez
com a pequena diferença de que não acordei tão disposta e vibrante
assim - eu me surpreendi com a graça das pequenas coisas. entrei em sala
preparada para mais uma aula. deixei os problemas para fora da escola e
tentei mostrar ali o melhor de mim. depois de alguns segundos de aula
fui interrompida: "Professora, alguma coisa aconteceu com a Sra., o que
fizeram com o seu sorriso de sol?". respirei fundo, fingi um sorriso e
tentei desconversar retomando o plano de aula com naturalidade. a aula
terminou e achei que tinha me livrado dessa, cheguei a pensar "segura o
choro e o coração, Sara". segunda turma. mais uma vez tentei agir com
naturalidade, mas fui interrompida novamente. droga. "tia, posso chegar
perto de você?", "claro, chega mais perto", falei meio pressentindo o
que viria. "eu vou te dar um abraço, tia, porque é isso que eu faço com a
minha mãe quando percebo que ela está triste". depois dessa foi quase
impossível conter o sentimento.
Um comentário:
a beleza de ser linda
Postar um comentário