sempre virá. a solidão não existe. nem o amor. nem o nojo. odeio quando te enganas assim, girando entre as panelas. a vida é agora, aprende. ainda outra vez tocarão teus seios, lamberão teus pêlos, provarão teus gostos. e outra mais, e outra vez ainda. até esqueceres faces, nomes, cheiros. serão tantos. o pó acumula todos os dias sobre as emoções. são inúteis os panos, vassouras, espanadores. tenho medo de continuar. e não suportaria parar, ondas de Iemanjá. vês como evito pedir ajuda? talvez mais que doze, muito mais, incontáveis todos esses doze, já faz tempo. às vezes sonho com eles. com todos. com quem não conheço. por um momento cede. não sejas assim implacável, incorruptível. não paires, esqueça as asas. fecha os olhos. chafurda, chapinha. afunda o rosto, solta a língua. lambe os orifícios. deixa a baba escorrer. geme, cadela no cio. como um macaco, acaricia teus próprios culhões. estende tua pata peluda para o Outro, delicadamente. cata os piolhos do Outro. deixa que catem os teus. esmaga entre os dentes, engole. fala-me do gosto.
Dodecaedro, Caio F.
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