há algum tempo prometi a mim mesma não me envolver em qualquer situação que exigisse considerável pulsação: tato, fala, cheiro, lambidas, sexo. vacilei, tão previsível, mesmo, talvez, você nunca ter percebido isso. sem dormir e sem ouvir um som seu, é assim que tenho matado minhas tardes cobertas de pó. você não sabe, nem sequer imagina que o café continua na mesa esfriando em meu desespero. previsível também, eu sei. mas deixe-me explicar, hoje em meu quarto lembrei estupidamente de você. ou quase isso. pra ser exata, acho que só lembrei daquela vibração de silêncio muito forte que sempre existiu (e ainda existe) entre nós. aquela sincronicidade muda que só eu cultivo em minha memória tão congestionada e, outras vezes, tão vazia. atrás de cada palavra sua tento decifrar os códigos, os sentidos, uma senha qualquer que me permita a aproximação - mas não sei por onde, vezenquando você me parece tão áspero que me forço na recusa de qualquer gesto que se familiarize ao toque. mas por estas mesmas situações, muitas vezes deliro pelos cantos da casa ansiando vontades de coisas talvez primárias, porém curiosas à mim. essas curiosidades só descobri aos poucos. depois de tanta coisa não vivida e por tantas vezes maltratada. tantos porres e ressacas, considere-me assim. atenta somente a minha dor, eu te quero, compreende?

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